“Dirty Little Brother” é o segundo disco de Black Mamba


The Black Mamba estão de volta aos discos com “Dirty Little Brother”, um poderoso disco de blues, funk e soul. Grande parte dos onze temas do álbum têm uma estrutura extremamente livre, muito próxima do que se espera num concerto ao vivo, sem amarras, e sem medo de longas passagens instrumentais. Uma demonstração de carácter forte, que desafia as “regras” actuais da indústria musical.
É impossível não imaginar cabelos compridos, salas com muito fumo, álcool e suor, quando se ouve este álbum, marcado pela sonoridade dos anos 60.
Pedro Tatanka, Ciro Cruz e Miguel Casais formam um ‘power trio’ altamente competente, com muita experiência acumulada, que consegue dominar com excelência o exercício da contenção e da explosão.
Em comparação com o álbum de estreia da banda, “Dirty Little Brother” parece ser menos polido, e mais sujo (no bom sentido do termo), trazendo consigo secções instrumentais psicadélicas, e solos de guitarra verdadeiramente incendiários, com timbres saturados, cheios de personalidade – trazendo à memória os eternos Jimi Hendrix e Steve Ray Vaughan –, e uma ou outra incursão ‘jazzística’ pelo teclado.
Não se pense, no entanto, que desaparecem os temas mais sentimentais. “Wonder Why”, com a participar de Aurea – e que foi o primeiro ‘single’ do disco – é um mergulho de cabeça na música soul.
É costume deixar as maiores surpresas para o fim. E foi isso que os Black Mamba fizeram. “Darkest Hour” é a prova de que o fado e o blues têm algum grau de parentesco. É impressionante ver como a alternância entre a voz de Tatanka e de António Zambujo – e, consequentemente, entre a língua inglesa e a portuguesa – sobre exactamente o mesmo instrumental, nos transporta para locais distintos.

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