Entre “Gera Sons”: Há qualquer coisa


O local onde nasci condena-me forçosamente à presunção, mas, no meu entender, “Há qualquer coisa” na açorianidade que faz o seu povo ser diferente, de muitas formas.

 Todos fomos abençoados pela natureza que nos rodeia, é verdade. O que nos difere é o grau de confiança que adquirimos e a forma como mutuamente comunicamos. É algo que tem a ver com a própria natureza e a natureza das pessoas…não há ilha artificial, nem visita esporádica que a(s) reproduza(m). Esta é a minha convicção.

“A palavra e o canto” das nossas gentes sempre revelaram o isolamento, a distância e interesse pelo desconhecido. São “Fados, Fantasmas e Folias” de quem, destemidamente, “Sapateia” um chão que insiste em fugir-lhe.

Num acordo tácito com a natureza, trocamos inspirações sem egoísmos. Não há direitos de autor, mas sim um compromisso: cantar a alegria sempre que se puder e a tristeza quando Deus quiser. Aqui não há sons deitados fora. Não senhor/a! A vida é curta. Brindamos (a) cada dia. O dia é música…

 …Aqui, levantamo-nos cedo com a “Cantiga da Terra”. “No terreiro da [nossa] vida” a garça baila, como sempre, parecendo não importar-se com as diferentes toadas do vento. Depois das quatro estações deitamo-nos, merecidamente. Quem é de cá, já sabe; “O sorriso da lua nas criptomérias “ esboça o melhor “boa noite”. Fechamos os olhos, mas ainda há tempo para a última conversa com o mar. Há sempre tempo para”este mar nosso de cada dia”…

Quem decide partir sabe a que se propõe; a uma lágrima de “Saudade” e a um coração feito dois: um que parte e um que fica.

 

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