Luís Senra abre espaço dedicado à improvisação


Luis Senra é um saxofonista micaelense que inicia os estudos musicais desde cedo. Começa a aprender clarinete e flauta transversal aos 11 anos na Escola de Música de Rabo de Peixe, sua terra natal, fazendo aos 17 anos a transição para o saxofone. Aos 18 anos entra no Conservatório Regional de Ponta Delgada. Por esta altura, aquando do festival Jazzores’09, descobre o seu fascínio pela música improvisada livre, ‘avant gard’ e experimental, que o tem levado a colaborar com inúmeros artístas de todo o mundo, e a pisar muitos palcos. Estivemos à conversa com o saxofonista que, após uma temporada em Espanha, planeia voltar a Ponta Delgada.

Estás em Espanha desde novembro. O que é que estás a fazer?

Vim para Espanha com o objetivo de passar uma temporada fora da minha zona de conforto, de forma a expor-me a novos desafios e de modo a crescer artística e pessoalmente. Desde a minha chegada, a 1 de novembro, que tenho tido contacto com diversos artistas, de diferentes áreas musicais e artísticas, e tenho participado em alguns eventos. Destaco o “Improv Accíon”, um micro festival de improvisação livre que teve lugar na cidade de Llíria, do qual fiz parte da programação. O maior e mais bonito desafio tem sido a minha colaboração com o “Col-lectiu PenJa’m”, um projeto multidisciplinar que junta a  improvisação eletroacústica, a dança e elementos audiovisuais através de improvisações coletivas, na cidade de Valência.

Porquê Valência?

Quando pensava nas possiblidades de destino para a viagem, surgiu à minha namorada a oportunidade de fazer o programa Eurodisseia na comunidade Valenciana. Então, juntamos sonhos e objetivos, fizemos as malas e viemos juntos nesta aventura.

Voltas a São MIguel dentro de um mês. Enquanto músico, quais são diferenças do Luís Senra que partiu e do que regressa?

A maior diferença talvez seja uma maior versatilidade, exposição e tolerância quando fora da zona de conforto, e sem que perca a minha identidade enquanto artista. De facto, o maior impacto desta temporada tem sido o reforço desta minha identidade, assumindo-me por completo como “free improviser” e apostando inteiramente no desenvolvimento de projetos naquilo que mais me faz vibrar: a improvisação de carácter livre e intuitiva.

Sei que já tens um projeto a implementar quando chegares. O que é que já podes revelar sobre o Espaço Improvisar?

O Espaço Improvisar terá oficinas dedicadas à prática da improvisação musical de carácter livre e intuitiva, sem qualquer inclinação de género musical ou nível de experiência. Tem como grandes objetivos a abertura de uma nova consciência musical e artística, a comunicação através da arte e a desmistificação do conceito da dificuldade técnica. Posso já avançar que irá assumir um formato de ciclo, agrupado em três diferentes oficinas e dividido por sessões semanais. As inscrições serão abertas no final do mês de março, com a divulgação das datas e local do primeiro ciclo, estando previsto o arranque da primeira sessão para meados de abril.

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Foto: © Rubén Monfort

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