Medeiros/Lucas de regresso com o “Sol de Março”


Longe vai o navio, há muito já se pisa terra firme. Agora, já em territórios bem interiores, um exuberante pavão de vivo azul e mil tons de verde senta-se sobre uma laje, de fronte de uma velha vermelha parede, lascada, vivida, arrasada. A magnífica foto de Tiago Bom ilustra Sol de Março e não podia espelhar melhor a verdade – a sublime, enigmática e irresistível simplicidade de Medeiros/Lucas.

Com lançamento previsto para Março, o novo álbum do duo açoriano já faz palpitar corações com “Podre Poder” – o primeiro single de Sol de Março. Aqui, a magnífica subtileza do instrumental contrasta com a profunda voz de Carlos Medeiros, emaranhadas na fantástica lírica de João Pedro Porto, e o resultado é algo estranhamente viciante. A pacífica simplicidade é abalada por uma fantástica gestão de ritmo, salteando-se entre frenéticos versos e um sereno e quente refrão, o que transporta o registo para outra dimensão, agora com vida, com alma – com tudo o que uma canção deve ter.

Depois dos fantásticos Mar Aberto e Terra do Corpo – os antagónicos álbuns do mar e da terra que tanto admiramos – chega a vez de Sol de Março, o álbum que conta com as especiais participações de João Hasselberg, Gonçalo Santos, Antoine Gilleron e Rui Souza, e que quer contar a estória de Elena Poena, a personagem que procura os primeiros raios de luz após a escuridão invernal. O conceptual registo promete muito, e a verdade é que Carlos Medeiros, Pedro Lucas e João Pedro Porto – simplesmente não conseguimos separar o inseparável, a música da palavra – nunca desiludem.

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