Meia de Rock no Rock in Rio | Crónica dia 31 de Maio


“Todos nós temos Amália na voz”. Foi assim que acabou a actuação de homenagem a António Variações , que juntou em palco Gisela João, Linda Martini, Deolinda e Rui Pregal da Cunha. Mas poderia ter sido com “Todos nós temos António na voz”. Um António Variações quase presente – quase, porque Variações há só um – interpretado nos mais diversos e até improváveis estilos musicais. Desde o fado de Gisela João ao rock dos Linda Martini, passando pela música popular portuguesa dos Deolinda, as letras de Variações encaixaram na perfeição. Mas foi o fado ligeiro dos Deolinda e a voz de Ana Bacalhau que melhor funcionaram, levando o público, ainda que tímido e muito jovem, a entoar as canções do barbeiro António dos anos 80.

Quem já foi a festivais da dimensão do Rock in Rio com certeza se deparou com a difícil escolha: o que ver e o que deixar para trás? Pois bem, este Rock in Rio não foi excepção. As opções recaíram sobre o Palco Mundo, mas ao passar na Rock Street algo fixou-me. Ouvia-se uma espécie de música irlandesa, misturada com rock, com funk e cantada em português com sotaque do Brasil. Estranho? Sim. Viciante? Definitivamente, sim! Era impossível seguir pela Rock Street sem parar para ver os Terra Celta. Estes jovens vestidos com kilts e envergando gaitas de foles, violinos, guitarras eléctricas e flautas fizeram saltar o pó da rock street, levaram o público a fazer danças circulares coordenadas e tornaram a Rock Street pequena para tanto público.

Num concerto quase a solo, com pouca luz e no registo minimalista do seu álbum, Lorde tomou conta do palco com movimentos repetidos e sentidos, a fazer lembrar vagamente os movimentos “epilépticos” de Ian Curtis durante os concertos de Joy Division. Demarcando-se dos demais grandes artistas pop com concertos tipicamente extravagantes e megalómanos , a artista neozelandesa presenteou o Parque da Bela Vista com um concerto quase intimista e uma presença sentida. A nível musical, Lorde, de apenas 17 anos, mostrou-se com uma actuação muito fiel ao registo de estúdio, com o apoio de coros pré-gravados e acompanhada apenas de bateria e teclado. As expectativas eram baixas, mas Lorde mostrou-se uma agradável surpresa. Estava dado o mote para o concerto mais esperado do dia.
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Após um Palco Mundo gigante e vazio para Lorde, eis que chegam os Arcade Fire e reduzem-no a um fantástico mundo de espelhos, cores, luzes e com a presença de mais de uma dezena de músicos vestidos a preceito em palco. Musicalmente irrepreensíveis, com a voz de Win Butler a funcionar na perfeição com a de Régine Chassagne e os instrumentos de sopro, a percursão e os violinos a contribuírem para um arranjo musical preocupado e preenchido, em que não falhava nenhum pormenor. Mais impressionante ainda foi a combinação da fantástica música com um espantoso arranjo cénico, enquadrando em perfeita harmonia a música com projecções, roupas e até acções dos artistas em palco. Exemplo disso foi a música “It’s Never Over (Oh Orpheus)”, interpretada por Chassange, em que um esqueleto mascarado a dançar em seu redor era projectado com efeitos visuais a transportarem-nos para um mundo diferente, a beirar a fantasia. Um concerto em que nada foi deixado ao acaso, com fantásticas interpretações e a fazer o tempo passar depressa de mais. Se entrei no Parque da Bela Vista a gostar de Arcade Fire, definitivamente , depois deste concerto, saí como fã da banda.

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