Música sem limites com Dave Matthews Band


Perdi a conta aos anos que esperei para ver um concerto ao vivo de Dave Matthews Band (DMB). Quando descobri os primeiros discos da banda e, aos poucos, o som, as melodias, as letras foram-se entranhando, nasceu também o desejo de os ver actuar ao vivo.

DMB não é uma banda fácil de encontrar em Portugal. As suas longas digressões de Verão percorrem os EUA de costa-a-costa mas poucas vezes atravessam o Atlântico. A 11 de Outubro DMB finalmente atravessou o Atlântico e chegou a Lisboa.

Discretamente, a banda subiu ao palco mas isso não os livrou de uma grande ovação. O entusiasmo cresceu quando se ouviram os primeiros acordes de “Wharehouse” e DMB começou de imediato a conquistar a multidão com a energia e brilhantismo musical que todos esperavam.

Foi claro desde o início do concerto ao que estes músicos vinham: entrega total, boa disposição, técnica irrepreensível e muita alma. Um público atento e muito participativo. Tudo para um grande espectáculo.

Num concerto com esta qualidade é difícil destacar músicas para além do gosto pessoal ou identificação algum tema. Prefiro destacar momentos. A primeira parte do concerto teve um inédito “Black and Blue Bird” que me pareceu promissor. Seguiu em crescendo e teve um dos seus momentos altos quando o baixista Stefan Lessard começou a tocar os acordes de “Crush” e levou a sala ao êxtase quando se ouviu a inconfundível linha de baixo. “Crush” esmagou a sala.

Depois, “Satellite” e “Grey Street” fecharam a primeira parte e esta última levou o público a cantar, em uníssono, já sem os músicos em palco. Excepto um. Carter Beauford, baterista, sorridente como sempre, deixou-se ficar mais um pouco a dar-nos ritmo. Um momento único.

A segunda parte começou com DM a solo ao piano e depois com o virtuoso Tim Reynolds que brilhou na guitarra em “Bartender”. Regressada toda a banda, encaminhávamos-nos para uma cavalgada rítmica de mais 12 temas, com longos e fantásticos solos. Os solos de um concerto de DMB são mais do que uma demonstração de técnica e profissionalismo, são tocados com toda a entrega. Ninguém pode negar que existe uma vontade genuína de nos dar o melhor concerto possível.

O concerto avançou com grandes solos de Jeff Coffin no Saxofone e de Rashawn Ross no trompete e os duetos de Boyd Tinsley (violino) com DM. Os dois “dançavam” pelo palco enquanto que, de forma cúmplice, se desafiavam musicalmente. “Don’t drink the water”, “Jimmy Thing”, “#41”, “If only”, e tantas outras preencheram a sala e o peito a quem soube aproveitar aquela maratona musical irrepetível.

O concerto terminou com “Rapunzel” mas o Atlântico não deixaria DMB ir embora assim tão facilmente. Palmas, cânticos e a sala encheu-se de pequenas estrelas criadas pelas lanternas dos telemóvel! Tivemos o merecido encore tocado com a mesma garra com que começaram 4 horas antes. “Ants Marching” para felicidade de milhares. 4 horas inesquecíveis! Obrigado DMB!

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O som de Dave Matthews Band, mescla de vários estilos, é estranho para quem ouve pela primeira vez, mas é essa mistura indefinível de rock, folk, jazz fusion que acaba por nos surpreender e fazer sonhar com um concerto ao vivo para ver e ouvir de perto como se faz aquele som. DMB pode ter o nome do seu vocalista, compositor e letrista mas funciona mais como colectivo do que a maior parte das bandas. Dave Matthews tem um talento invulgar na composição, uma voz versátil e uma forma única de tocar a sua omnipresente guitarra acústica. Mas é a banda que fornece uma dimensão sonora inigualável à sua música.

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