Nick Mason’s Fictitious Sports


O primeiro  e único álbum a solo de Nick Mason, o lendário baterista dos Pink Floyd, revelou-se um desilusão para mim. Isto porque Fictitious Sports ( de 1981) é tudo menos um, como dizê-lo?…álbum de Nick Mason.

Aliás, tem uma coisa que é dele, o nome. Mas fica por aí. Os temas foram todos compostas por Carla Bley, que tocou teclados e também co-produziu o álbum com Mason. Até podia ser um álbum exclusivo de Carla Bley, mas realmente, só o facto de ter o nome associado a um membro dos Pink Floyd dá logo outra projecção nos media.

Musicalmente falando, eu altero completamente o meu discurso. O álbum tem muitas ideias interessantes, um toque Zappa-ish em (quase) todas as músicas, e neste aspecto saliento o “Can’t get my motor to start“. O álbum começa assim, de uma forma intrigante que nos leva a pensar ” Ei lá!! Vamos ouvir isso com atenção!” O tema “Siam” com claras influências orientais ganha ainda outra dimensão com a voz de Robert Wyatt (Soft Machine entre outros), que aliás só não canta mesmo o tema de abertura do disco.

O tema “Hot River” curiosamente remete-nos para um universo Pink Floydiano, em parte devido à introdução  e solo de guitarra de Chris Spedding. Mas fica por aí essa associação. A formação jazzística de Carla Bley, mesmo que não muito notória neste álbum, volta a emergir na segunda parte do disco e neste mix cultural voltamos a uma sonoridade mais direccionada para Frank Zappa. A faixa 7 “Wervin‘ ” corrobora a minha tese e dissipa todas as dúvidas se estas ainda existirem.

Com “I’m a mineralist”, o álbum acaba como começou, com uma música forte,  mas dessa feita acaba por ser o tema mais progressivo de Fictitious Sports, numa espécie de “Syd Barret meets King Crimson”.  

No fundo, e apesar de esperar por ver algo mais de Nick Mason nesta obra, ainda bem que assim foi. É um bom álbum para quem gosta do gênero. Daqueles que “primeiro estranha-se, depois entranha-se”. Se fosse um trabalho com “mais de Mason”, provavelmente estaríamos na presença de mais uma experiência tipo The Grand Vizier’s Garden Party“, tema composto por Mason para o disco dos Pink Floyd, UmmaGumma. Vale a pena ouvir e agradecer…à Carla Bley!!

Para finalizar, gostaria de relembrar uma referência que fiz à uns tempos atrás neste espaço sobre a internet e a redes sociais. Estas ferramentas democratizaram a partilha de itens musicais raros. De que outro modo conseguiria ouvir Fictitious Sports, um álbum que muitos fás de Pink Floyd nem sonham que tenha existido?

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