Está a chegar o Azores Burning Summer: preparem-se!


O pequeno festival da Praia dos Moinhos cresceu e em 2017 faz-se esperar como nunca! Com uma nova roupagem e um cartaz verdadeiramente invejável, equilibrado e repleto de qualidade musical, o Azores Burning Summer entrou directamente para lugar de destaque nos festivais de Verão dos Açores. O Verão teimava em demorar, mas já está- hoje começa o Azores Burning Summer.

Aqui há muito mais que música, há Eco-Talks a não perder durante toda a tarde de hoje, há um mercado de artesanato, esculturas pela “Land Art Project Azores”, uma exposição de veículos eléctricos e, claro, a sempre icónica super fogueira para queimar o Verão. Mas é a música que nos move, e um cartaz que junta Capitão Fausto, Adrian Sherwood e Branko em actuações consecutivas só merece o maior destaque. A noite avizinha-se imperdível, mas não vamos sem antes vos lembrar o que dissemos sobre “Capitão Fausto têm os Dias Contados” e  “Atlas”,  álbuns incontornáveis de Capitão Fausto e Branko, respectivamente.

Capitão Fausto – “Capitão Fausto têm os Dias Contados” | João Cordeiro

À partida, a ironia não podia ser maior: uma banda jovem, com uma carreira impressionante, em contínua fase ascendente, anunciar o seu fim através de um enigmático título de um novo álbum: “Capitão Fausto Têm os Dias Contados”. Será mesmo?

Os Beatles são, porventura, a banda mais frequentemente referenciada como influência na sonoridade de artistas em todo o mundo. E, se no caso dos Capitão Fausto, esta influência – que o baixo Hofner de Domingos Coimbra sempre deixou perceber – era subtil nos dois primeiros álbuns, agora, parece clara, e parece vir de um álbum em particular: “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”.

Tal como a ‘obra prima’ dos Beatles, “Capitão Fausto Têm os Dias Contados” pode ser considerado um álbum conceptual – quer esta tenha sido uma escolha intencional, ou não – uma vez que há um tema que parece ser transversal a todo o disco: a chegada à idade adulta – não à maioridade legal, dos 18 anos, mas à idade que exige responsabilidade, independência e escolhas.

“Saber que aos 26 não posso mais empatar, morro na praia a vinte passos de ser um gajo formado, um gajo pronto a vingar”. O álbum marca esta encruzilhada, de dúvidas e angústias, em que se olha para trás, para o que se fez, e se olha para a frente, para o que se quer fazer. “Sair debaixo das saias da mãe, onde se está tão bem” e passar a ter “o fisco à porta” é crescer.

A frase com que termina o álbum – “Nunca esquecer que a mocidade chegou ao fim” – não deixa dúvidas: afinal não é ironia, os Capitão Fausto têm mesmo os dias contados. A banda continua, mas eles nunca mais serão os jovens estudantes sem responsabilidades. Agora são adultos. Felizmente, esta condição nunca foi obstáculo para continuar a escrever grandes canções!


“Atlas” – Branko | 
Manuel Silva

De Amsterdão para São Paulo. Daí à Cidade do Cabo é um pulinho. Passamos a Nova Iorque e acabamos em casa, em Lisboa. Parece ser o roteiro de umas férias de sonho, mas não – é simplesmente a rota de Branko na produção de “Atlas”, o seu álbum de estreia a solo. Talvez por isso este não seja só mais um álbum – aqui há diversidade, interacção cultural. As influências vão desde o house de África do Sul até ao funk brasileiro, passando pelo bubbling de Amsterdão e conseguem até ao hip hop norte-americano. À primeira vista parece qualquer coisa como uma mistura imiscível, mas estamos a falar de Branko, o homem que consegue juntar crioulo e inglês, espalhados por mais de vinte artistas convidados, no mesmo álbum. O resultado final? Aquilo que por vezes há em deficiência no mundo da música contemporânea – algo verdadeiramente inovador.

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Todas as informações sobre o Azores Burning Summer aqui!

Programa (Parque dos Moinhos):
18H DJ Set – Mesquita & Laura
20H Concerto – Samba sem Fronteiras
22H Concerto – The Big Muffin Orchestra
23H Concerto – Lavoisier
00H Concerto – Capitão Fausto
01H DJ Set – Adrian Sherwood
02H DJ Set – Branko
04H DJ Set – Serial Killaz

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Foto: Branko | © Direitos Reservados

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