Agalloch – A música da Natureza


Os Agalloch são uma banda oriunda dos E.U.A, mais precisamente de Portland no estado do Oregon. Liderada pelo guitarrista e vocalista John Haughm esta banda conta já no seu historial quatro álbuns de longa duração e cinco EPs e  apesar de já existir desde 1995 ainda continua perdida no esquecimento. Digo isto, claro, com uma certa tristeza, pois os Agalloch  são uma das bandas mais interessantes e originais do universo metal  e não é por falta de talento ou qualidade que não têm mais projecção, pelo contrário, talvez seja por falta de sorte ou de meios para se fazer ouvir, mas  a verdade é que poucos os conhecem e eu nesta primeira crónica darei o meu humilde contributo para tentar trazer estes senhores das profundezas do esquecimento.

 Os Agalloch tiveram a sua origem, como já foi referido, em 1995, resultante da colaboração entre John Haughm e Shane Breyer (que actualmente não faz parte deste projecto) e inspiraram o seu nome numa madeira resinosa que dá pelo nome Aquilaria agallocha que devido ao seu cheiro aromático muitas vezes é usada como incenso e perfume em muitos países asiáticos e existem relatos de que os Agalloch têm como ritual queimar este incenso antes de todos os seus concertos, como de uma cerimónia de purificação se tratasse.

Não é difícil  de deduzir que esta banda liderada por John Haughm tem uma relação especial e de quase simbiose com a natureza, não só pela etimologia do seu nome mas também pela atmosfera e texturas que criam em todos os seus temas. Por vezes terna, por vezes agressiva e destrutiva, tal como a nossa mãe Natureza.

Agora, como pudemos enquadrar os Agalloch num estilo? Esta tarefa é no mínimo complicada, e chego a dizer que é uma dor de cabeça para qualquer jornalista ou crítico e a isto deve-se ao facto de incorporarem elementos estilísticos de diversas vertentes do metal, nomeadamente “Black Metal”, “Folk metal”, “Progressive Metal”, “Doom Metal” e até um pouco de “avant-garde”. Esta mixórdia de estilos talvez seja o factor “X” que os torna tão especiais, pois toda audição é uma viajem de descoberta em que sempre algo de novo podemos encontrar. Um grande exemplo que confirma isso é o seu álbum de 2006, Ashes Against the Grain. Este álbum é certamente um dos mais importantes da sua carreira e se não o mais importante. Não só por ser o disco que os deu mais notoriedade mas por ser o disco que incorpora em doses equilibradas todos os elementos que os caracterizam. Há uma preocupação, neste lançamento, em criar uma atmosfera fria e naturalista, através das várias texturas que os instrumentos criam. O ouvinte poderá imaginar estar a caminhar entre as florestas gélidas e desoladas da Noruega ou de qualquer país escandinavo em que a música deste disco serve adequadamente de “pano de fundo”.

Outra questão que se coloca é: Porque serão tão originais? Bem, tanto no mundo do metal como em qualquer outro estilo, há uma certa saturação da criatividade, há uma produção em massa de música que na sua globalidade tem de muito pouco a oferecer, e quando há uma banda que se resigna a viver sobre estes parâmetros destaca-se fortemente das outras. Os Agalloch são a prova viva, pois têm sempre a preocupação de não se repetirem, de se reinventarem, de criaram formas diferentes para comporem os seus discos e até inventaram novos instrumentos com é o caso do crânio de veado que podemos ouvir no álbum The Mantle em que o batimento do dito crânio no chão dá um som tanto bizarro como peculiar.

Outro factor que caracteriza estes senhores é a ênfase que dão às guitarras acústicas, principalmente nas intros e nos interlúdios, que criam melodias deliciosas e melancólicas causando ao ouvinte aquele, que coloquialmente se costuma dizer, “arrepio na espinha”. Temas como “In the Shadow of Our Pale Companion”, “Fire Above, Ice Below” e “Sowilo Rune” são grandes amostras disso.

Em jeito de conclusão, sem me querer alargar muito mais, os Agalloch são uma banda que nos proporciona a liberdade de viajar nos recantos da nossa mente, e quem está a ler só poderá compreender o que estou a dizer se tiver esta experiência em primeira mão. Se és amante do metal mais underground e diferente, os Agalloch são uma banda para ti.

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