Putos de barba rija dão cartas do primeiro dia de Monte Verde


Faltou sol no primeiro dia de Monte Verde. Tarde morna para os festivaleiros, que ainda se ambientavam àquela tenda que servirá de sua casa durante o fim de semana. Talvez por isso, ou apenas porque os tempos estão mudados, a ida para o recinto do festival foi sendo adiada – e com ela também os concertos – resultando no começo tardio para os Spank Lord, que ainda assim conseguiram levar alguns curiosos à plateia com o seu Stoner Rock. O prometido “som cru” e as prometidas “guitarradas” foram prato forte numa actuação que aliou os temas já conhecidos do álbum de estreia “Bombs Away” a temas inéditos.

Era a vez de Los Waves e o seu rock simples e eficaz foi conseguindo cativar a atenção de um recinto mais composto, com público a alinhar nas músicas mais conhecidas da banda lisboeta, especialmente no caso de “Strange Kind of Love”, single do álbum de estreia “This is Los Waves so What?”. Com a hora a avançar, sentiu-se uma certa pressa em dar lugar ao próximo artista e uma das actuações mais esperadas acabou por saber a pouco.

Se o primeiro dia de Monte Verde Festival foi uma espécie de speed dating, os The Lazy Faithful foram os escolhidos. Mesmo à filme, nem quisemos saber de mais nada, agarramos neles e fugimos!

Uma entrada com um vocalista vestido de robe, com quatro homens com cara de puto e com uma pujança de fazer inveja a qualquer performer foi o sinal que algo de bonito estava para acontecer. Os putos de barba rija pegaram no público pelas orelhas – mais pelos ouvidos – e obrigaram todo o mundo a chegar-se mais à frente, a curtir aquele rock todo e a abanar o capacete. Mas desengane-se quem pensa que estes meninos são mais do mesmo durante uma (curtíssima) hora de actuação. A versatilidade da banda é incrível, com registos que vão desde uma sonoridade quase punk até a sons que fazem lembrar os míticos Beatles.

Em conversa com a banda portuense, é explicado aquilo que podemos ouvir no seu primeiro álbum – este é um álbum de impacte, um álbum com o objectivo de fazer tremer quem tiver o primeiro contacto com o seu som. Já o segundo álbum, que está a ser preparado e talvez possa ver a luz do dia lá para o final do ano, é um trabalho de envolvência, um conceito mais pensado como um todo, com e premissa de envolver o ouvinte do início ao final do registo. E porquê o robe? Tommy Hogg, o vocalista, após fazer uma grande pausa e puxar de um cigarro, explica que o adereço de palco é um acto de irreverência inspirado na cena inicial do filme The Big Lebowsky dos irmãos Coen.

“Não quero que esta noite acabe” dizia Tommy ainda em cima do palco. Acabou. Cedo de mais… Foi preciso um corte de som para parar os The Lazy Faithful. Se era necessário parar uma música a meio? Não era, mas nada que afecte a banda: “Isso é o Rock n’ Roll, e o resto que se lixe!”.

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Foto: Carlos Melo

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