É impossível ter sido adolescente ou jovem adulto nos anos 90 e não ter cravado na memória, e na ponta da língua, a melodia – e pelo menos parte da letra – de “O Mundo a Meus Pés”. Embora tenha sido considerado o melhor álbum de 1996, a verdade é que “Partes Sensíveis” fica para a história por esta música.

Os Três Tristes Tigres estão afastados dos palcos há 14 anos – à exceção de três ou quatro concertos ocasionais durante este período. Por isso, a expetativa é grande, e o facto de o regresso acontecer nos Açores é digno de registo. Principalmente por se tratar de um regresso a sério, com promessas de novas canções e novo álbum para o futuro.

Ana Deus – vocalista – e Alexandre Soares – guitarra –, não estavam propriamente desaparecidos, mas andavam noutro universo, com o projeto Osso Vaidoso, mais experimental e muito distante da sonoridade da banda que os catapultou para a fama.

Agora voltam à música pop. Resta saber se a ideia é reproduzir o som datado dos anos 90, ou se os Três Tristes Tigres se vão reinventar e trazer as canções para o novo milénio. É muito provável que isto aconteça, até porque em palco vão estar músicos que podem contribuir para esta sonoridade renovada, como João Pedro Coimbra, dos Mesa, que chegou a tocar com os Três Tristes Tigres no passado,  e Miguel Ferreira, que passou pelos Clã e pelos Blind Zero.

Bem podemos ouvir os três álbuns da banda – “Partes Sensíveis”, “Guia Espiritual” e “Comum” – para poder acompanhar Ana Deus, mas não é dificíl perceber que “O Mundo a Meus Pés” será o momento forte do concerto.

Agora que o artigo se aproxima do fim, se calhar já é um pouco tarde, mas, de qualquer forma, fica o conselho: caso persistam os problemas em dizer o nome da banda em voz alta, tente substituir por “Trio de Reis da Selva Infelizes”. Não é tão bonito, mas fica mais fácil…

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