Som Sim Zero e The Parkinsons em destaque no Tremor


Eclético como é, o Tremor apresentou sonoridades variadas, sem cair no ‘mainstream’. Houve espaço para tudo, desde o rapper terceirense Goldshake, que ainda brindou os presentes com um improviso, à força e energia animalesca dos Parkinsons. Mas, já lá vamos.

A variedade de artistas, e o facto de os concertos acontecerem em tantos locais diferentes, fazem com que o Tremor seja um festival de escolhas!

E ainda bem que escolhi estar no auditório Luís de Camões, às 17h00 em ponto, pois foi a performance que mais me encheu as medidas: Som Sim Zero, com a Associação de Surdos da Ilha de São Miguel, acompanhados por músicos locais convidados. Foi um espetáculo digno da palavra, na forma e no conteúdo. Belo na simplicidade, com uma cadência orgânica e natural que teve os seus momentos de comunhão pacífica e teve os seus momentos de energia rítmica. A interação com o público foi fenomenal, simples, mas inteligente… e bem executada. Só a meio do espetáculo se percebeu a razão de estarem a ser distribuídos rebuçados ‘flocos de neve’ à entrada.

No Raíz Bar, espreitei a performance de Zulu Zulu. O trio espanhol tem uma presença e uma energia que não deixou ninguém indiferente. Infelizmente, vi apenas o fim do concerto de Mal Devisa, mas fica um registo de uma colega entendida na matéria que me resumiu o concerto da seguinte forma: uma “Janis Joplin menos depressiva”!

Tendo em conta o horário, ainda fiz uma paragem no Ateneu Comercial para espreitar os dinamarqueses Liima. A casa estava ao rubro, é verdade, mas não era necessariamente a minha estética. Estava um bom som, com um bom groove, mas não o suficiente de me “afastar” do que tinha em mente: The Parkinsons!

Bom, eu nem sou apreciador de punk, mas The Parkinsons, no Solar da Graça, foi uma viagem a um qualquer clube londrino nos anos 70. Foi muito “bem jogada” a escolha do local para a atuação da banda portuguesa que insiste em manter o punk vivo. A escuridão do espaço, o ambiente rústico, malta no balcão de cima e muitas, muitas mesmo, batidas por minuto! Era o que tinha de ver, e ainda bem que vi. Quem diria?

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Tremor 2019: o que nos espera?

A primeira edição do Tremor teve apenas um concerto numa grande sala de espetáculo, quando Noiserv atuou no Teatro Micaelense. Tudo o resto se passou em pequenos espaços. Entretanto, passaram cinco edições, e, como é normal, o festival evoluiu muito. Apareceu o Tremor na Estufa, o Tremor todo-o-terreno, e este ano, pela primeira vez, o cartaz estendeu-se por toda a semana, com concertos com data, hora, local e banda revelados com antecedência. O festival saiu de Ponta Delgada, e deu não só um salto ao concelho da Ribeira Grande, mas meteu-se mesmo dentro de um avião para atravessar o Atlântico e espalhar música em Santa Maria. Será possível continuar a inovar? Não esperamos outra coisa do Tremor! Como? Vamos esperar para ver.

João Cordeiro

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Foto de destaque: © Carlos Brum Melo

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