Steven Wilson – The Raven That Refused to Sing (and other stories)


Steven Wilson é um músico que dispensa qualquer tipo de apresentações. É, provavelmente, mais conhecido como guitarrista e vocalista de vários projetos musicais como Blackfield ou Bass Communion e principal mentor dos Porcupine Tree, conjunto que já nos privilegiou com inúmeros álbuns de qualidade. O seu trabalho como produtor também é reconhecido pela qualidade que incutiu em discos de bandas como Opeth ou Continuum e conta já com um infindável número de participações em álbuns de artistas tão díspares como, por exemplo, Anja Garbarek, Opeth, Marillion ou Yoko Ono, seja como músico ou compositor.

Como se pode constatar, a diversidade sempre fez parte do trabalho deste homem. Se tivesse que definir o génio de Steven Wilson em apenas uma palavra esta seria, precisamente, ecletismo. É, de facto, o homem dos sete ofícios. O músico inglês tem o dom de não conseguir produzir música que não seja de qualidade. Este The Raven That Refused To Sing (and other stories) é apenas mais um exemplo disto mesmo. Para a produção deste álbum Steven fez-se acompanhar por músicos com backgrounds musicais diversos mas todos eles com créditos firmados. São eles Marco Minnemann (bateria), Guthrie Govan (guitarra), Nick Beggs (baixo e chapman stick), Theo Travis (flauta e saxofone) e Adam Holzman (teclas). Na cadeira de produção contou com o consagrado Alan Parsons que exerceu as mesmas funções em álbuns icónicos da história da música contemporânea como Abbey Road dos Beatles ou The Dark Side Of The Moon dos Pink Floyd, para além de também ele ter um vasta carreira como músico.

Com um rol de profissionais de gabarito como este seria difícil sairmos defraudados com este que é o terceiro álbum a solo de Steven Wilson. O fio condutor do disco, como o próprio título indica, baseia-se em histórias de fantasmas o que transparece no resultado final. O álbum começa com “Luminol”, uma faixa que começa de forma enérgica onde o ritmo do baixo domina e em que os teclados fornecem uma atmosfera fantasmagórica aliada às melodias de guitarra que, aqui e ali, vão tentando mostrar um ar da sua graça fazendo desta faixa um verdadeiro hino ao Jazz-Rock. “Drive Home”, por seu turno, faz-nos viajar para terras floydianas com a sua sonoridade calma e solos melodiosos. A trilha seguinte, “Holy Dinker”, remete-nos, novamente, para paragens que os amantes de artistas de fusão tais como Weather Report se irão rever. O groove imprimido pelo baixo e órgão é contagiante. “The Pin Drop” é a faixa mais curta do álbum a bater os 5 minutos mas uma das mais esquizofrénicas do conjunto. “The Watchmaker” podia ter sido produzida pelos Yes ou Jethro Tull. Por fim, a música que dá título ao álbum é uma linda peça que alia a melancolia com a melodia culminando como a cereja no topo do bolo pela sua intensidade emocional e simplicidade relativamente ao restante álbum embora acabe com um desempenho de Minnemann bastante intenso ao contrário do que se poderia esperar.

Com tudo isto, temos em The Raven That Refused To Sing (and other stories) um dos melhores álbuns de rock progressivo/jazz/rock dos últimos tempos. Seria muito redutor tentar encaixar numa prateleira (não é sempre?) um álbum que conta com músicos de elevada craveira e que conseguem transmitir de uma forma exemplar todo o seu potencial, produzindo um disco consistente e maravilhoso de ouvir do princípio ao fim. Atrevo-me a dizer que é o melhor álbum de Steven Wilson até à data. Essencial a qualquer audiófilo que se preze.

Categories

+ There are no comments

Add yours