O rock português está bem e recomenda-se. Afirmo-o com total convicção e sem qualquer complexo ou cliché associado. Para tal muito contribuem os trabalhos de bandas que, disco após disco, vão fazendo deste cantinho à beira-mar plantado um verdadeiro tesouro recheado de verdadeiras preciosidades.

Os The Jack Shits incluem-se no rol de bandas que vêm, a alguns anos a esta parte, contribuindo para o ressurgimento do “verdadeiro” rock nacional, aquele que emerge vindo diretamente das entranhas, sem qualquer filtragem ou adereços em demasia. O produto final não é tão bonito ou polido como aquilo a que as massas estão habituadas. É antes algo cru, direto e intenso, incapaz de deixar um amante do género, ou de música de verdade, indiferente. O trio é composto por Diogo Augusto (Jack Legs) na voz e guitarra e Samuel Silva (Jack Straw) nas guitarras, ambos dos Sonic Reverends e Saguaros, e Nick Nicotine (Jack Suave), elemento de inúmeros projetos como os Nicotine’s Orchestra, The Act’s Up, entre outros, que aqui abandona a guitarra para pegar nas baquetas. Pelo alinhamento da banda poderíamos aferir desde logo que a experiência acumulada dos músicos em questão só podia dar naquilo em que deu: rock n’ roll. “Chicken Scratch Boogie” surge no seguimento do EP “The Fine Art Of Bleeding” editado em Junho do ano passado. O disco apresenta-se recheado de atitude punk e munido do espírito blues que segue de mão dada com o entusiasmo do rock, uma relação de parentesco que tão bons frutos já deu ao longo da história da música.

Em 12 faixas os The Jack Shits criaram um álbum que funciona como um bloco sólido onde não se recorrem a embelezamentos desnecessários ou artifícios que desvirtuem o caminho que a banda escolheu trilhar. Guitarras cruas e diretas e uma bateria cheia de power são os ingredientes que compõem este disco. Uma fórmula simples, despretensiosa e eficaz. O resto é o que se sabe. Rock servido de forma crua e dura.