“The Magic Whip” marca regresso dos Blur


Doze anos depois do seu último trabalho de estúdio, “Think Tank” (2003), os Blur lançam novo disco, quebrando aquele que foi o maior hiato de produção da banda. Mas a melhor notícia para quem aprecia e segue a banda britânica é o regresso do guitarrista Graham Coxon. ‘Good news indeed’!
“The Magic Whip” – nome do álbum – espelha o que se passou:  uma paragem de seis anos na actividade da banda e um desfasamento temporal muito grande para a anterior publicação. Apesar disso, “The Magic Whip” consegue ser ‘mais Blur’ do que “Think Tank”, embora continue longe dos clássicos dos anos 90. É menos energético e jovial. É caso para dizer que “a idade não perdoa mesmo nada”.
Curiosamente, quando comecei a ouvir o tema de abertura – “Lonesome Street” – fiquei com a percepção de que seria um regresso às origens dos Blur. Que diferença faz a presença de Coxon. Embora Damon Albarn seja a voz inconfundível da banda, é o guitarrista que melhor define o som dos londrinos.
No tema “Go Out”, por exemplo, não fosse a guitarra e eu diria que estava a ouvir Gorillaz.
Este álbum tem a particularidade de ter sido gravado entre Londres e Hong Kong, daí a influência oriental, não só nas artes gráficas do álbum, como liricamente e até musicalmente. “Pyongyang” é uma bela balada, ao nível do que a banda nos presenteou no passado (recordam-se de “Tender” ou “No distance left to Run”?), assim como “Ghost Ship”, mais uma referência à permanência da banda em Hong Kong. Foi bom encontrar estas pontes ao longo do álbum.
Ainda no registo das baladas “There are too many of us”, com um teor mais interventivo, mesmo não fazendo associação directa a outros temas clássicos da banda, tem uma sonoridade que se me dissessem ter saído do primeiro ou segundo álbum da banda, eu acreditava (no bom sentido, claro).
Ainda temos o som de guitarra mais crua em “I broadcast”, mas isso não apaga o ‘mix’ de ideias que se sente no disco. Soa mais a um apanhado das carreiras a solo/ paralelas (ver caixa) dos membros da banda no passado recente, do que um álbum típico dos Blur.
Uma coisa é certa, parafraseando o nosso grande Pessoa: “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”. É um álbum de que não se gosta logo, vai-se gostando. E eu gosto bem mais do que do seu antecessor.

 

 

Projectos a solo influenciam novo som

Para perceberem o comentário no artigo anterior, aconselho a ouvir, além dos afamados Gorillaz, o disco a solo de Damon Albarn “Everyday Robots”, ou mesmo os discos de Graham Coxon, “A+E”.
Acabam por ser uma extensão do que foi a sonoridade dos Blur durante anos, e agora, neste regresso aos discos, ‘re-alimenta’ e influencia o próprio estilo dos Blur.
É curiosa, a antítese entre Albarn e Coxon. O primeiro com uma sonoridade mais polida e produzida e o segundo com um som quase adolescente, de músico de garagem, sem que isso signifique menor qualidade. Para português ouvir!

 

Fotografia: Dana Distortion

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