Tigran Hamasyan: um génio do piano


Estava eu ontem a ouvir rádio enquanto conduzia quando de repente deparei-me com alguém a tocar o piano de uma forma absolutamente sublime. Pensei para comigo “Só pode ser Keith Jarrett”. Continuei a ouvir enquanto o nível de execução da música que saía pelas colunas aumentava. Os pés e as mãos já se tinham rendido ao ritmo e melodia da música que me embalava.

A dada altura comecei a ouvir manifestações de êxtase de alguns elementos do público que, tal como eu, estavam maravilhados com aquilo que estavam a ouvir. Mais uma vez ocorreu-me o nome de Keith Jarrett: “Talvez estejam a passar algum música de um concerto ao vivo dele”, pensei. 

Estava redondamente enganado. Aquando do término da música que ouvia e dos aplausos que se seguiram, a locutora identificou o génio como sendo Tigran Hamasyan que estava a tocar em direto no Festival Músicas do Mundo de Sines. Tomei notal mentalmente do nome deste senhor para pesquisar sobre o mesmo assim que chegasse a casa. Uma vez mais fiquei positivamente surpreso quando descobri que este senhor tem apenas 24 anos e é considerado uma das grandes promessas do jazz da nova geração. “Shame on me!”. Para além disso, Hamasyan tocou ontem a solo quando estava previsto fazê-lo em conjunto com Trilok Gurtu, ou seja, mais uma semelhança com o génio de Jarrett quando, em 1975, teve que improvisar num concerto em Colónia devido a um erro do staff local ao trocarem o piano em que supostamente iria tocar. O concerto foi registado e deu origem ao álbum mais vendido de sempre na história do Jazz, intitulado The Köln Concert, já revisto aqui por Luís Gonçalves.

Este jovem nascido na Arménia em 1987 já tem no seu reportório quatro álbuns a solo e um EP, para além de algumas participações com outros músicos, assim como uma vasta gama de prémios ganhos ao longo da sua ainda jovem carreira. Estamos, sem dúvida, perante um caso muito sério da música internacional e, a avaliar pela qualidade do pouco material que ainda tive o prazer de ouvir, não duvido que será um nome que contribuirá em muito para a difusão do jazz e da música mais experimental até muito boa gente.

Sem dúvida uma bela surpresa (que já não o era para os mais atentos) e agora apenas resta-me ouvir mais do trabalho deste músico. Sugiro que o façam também. Não se arrependerão concerteza.

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1 comment

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  1. 1
    Lúcio Marques

    Boa noite, folgo em saber que mais gente pensa e admira como eu este grandioso músico Arménio! Espero acompanhar seus trabalhos por muito tempo, vê-lo e ouvi-lo ao vivo, obrigado por não estar sozinho na apreciação de um génio musical!

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