Uma noite de “Amor eletrizante” no Coliseu


Na cidade de Ponta Delgada, a celebração do Amor ficou a cargo da banda de Marisa Liz, Tiago Pais Dias, Rui Chechena, Ricardo Vasconcelos e Mauro Dias, os Amor Electro, que trouxeram na bagagem o seu terceiro álbum de originais, que curiosamente intitula-se de “#4”.

Perante um coliseu praticamente esgotado, os Amor Electro abrem o concerto com “Alternativa”, uma das canções que figura no álbum “#4”, seguindo-se de um pequeno tributo ao trovador da liberdade, Zeca Afonso, com uma versão da “Canção de Embalar”.

Após o aquecimento inicial e alguns acertos no som, os Amor Electro cortaram as formalidades e intensificaram o concerto com o synth-pop de “Miúda do café”, que arrebatou o público, que até à altura apresentava-se um pouco tímido e distante.

Em seguida veio a balada “De candeia às avessas”, que apesar de ter uma letra interessante, escrita por Jorge Cruz (Diabo na Cruz), quebrou um pouco o ímpeto do concerto, no entanto os Amor Electro aperceberam-se desta quebra e puxaram do alinhamento alguns dos seus maiores êxitos, que fizeram todo o coliseu vibrar: “Só é fogo se queimar”, do segundo álbum, “Revolução”, onde se ouviu o primeiro grande coro da noite; a “Máquina (acordou)”, o single que despertou os Amor Electro para o sucesso; e o tema “Procura por mim”, dueto que Marisa Liz canta com o seu “valentim” Tiago Dias e que proporcionou o momento mais romântico da noite. Marisa Liz, que entre as músicas ia sempre interagindo com o público, dedicou a balada “a todos aqueles que estão apaixonados… os que não estão, mas vão estar… para todos aqueles que vão encontrar o amor da sua vida, hoje… pode ser que aconteça… aqui nos Açores tudo é possível!”. De facto, é nas baladas e músicas lentas que se vê toda a delicadeza e sensibilidade na voz de Marisa Liz, a capacidade que ela tem de pronunciar cada sílaba e a emoção que ela coloca em cada uma das palavras, torna-a, atualmente, uma das melhores intérpretes da música portuguesa, a par da outra Mariza (com z) e de Aurea.

Neste momento, a timidez já tinha desaparecido e o público já estava totalmente entregue ao ritmo elétrico da banda que aproveitou para dar a conhecer um pouco mais do seu álbum “#4”, com o electro-pop-dançável de “A Barca”, seguido do novo tema “Acredita”, um hino à cidade Europeia do Desporto (Portimão).

Os Amor Electro regressaram novamente à promoção do disco “#4” com o electro-funky em “Vai dar confusão”, um dos melhores temas do álbum, que pôs toda gente a bater palmas e a dançar ao som de: “Respirar/O que hei-de ser ou não ser/Se é essa a questão/Vai dar confusão”.

“Estamos quase a chegar ao fim” – ameaça Marisa Liz, que pede ao público para se levantar das cadeiras e vir até junto do palco, para acabar com a “festa em grande”, revisitando para isso “Rosa Sangue”, tema do primeiro álbum (Cai o Carmo e a Trindade), que levou o público ao rubro. Para finalizar e com os acordes iniciais de “Juntos somos mais fortes”, Marisa Liz pede ao público que dê as mãos, espalhando desta forma o amor por todo o Coliseu, terminando o espetáculo com uns breves riffs de “Killing in the name of”, dos Rage Against the Machine e “Kashmir” de Led Zepellin, mostrando a faceta mais rockeira dos Amor Electro.

Para o encore os Amor Electro puxaram novamente do alinhamento “Miúda do Café”, que encerrou o espetáculo de cerca de hora e meia e que deixou todo o público apaixonado pela banda, pela simpatia e pelo vozeirão de Marisa Liz.

Atendendo ao dia e ao conceito do festival, confesso que estava à espera de um concerto mais intimista, mais calminho, mais romântico, no entanto os Amor Electro olearam a sua “máquina” e criaram um ambiente eletrizante no Coliseu Micaelense, que mais parecia uma extensão da celebração do Dia das Amigas, do que propriamente do Dia dos Namorados!

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Foto: © Coliseu Micaelense

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