Wolmother, Rinôcérôse e chuva miúda fecham Monte Verde Festival


Por entre os pingos daquela chuva miúda e intermitente, que irremediavelmente arrefecia aquele persistente público do Monte Verde Festival, passaram duas importantes mensagens: o verdadeiro rock faz-se a três, a verdadeira electrónica faz-se de quatro cordas e congas. Sim, leu bem – electrónica de congas.

Guitarra, baixo, bateria. Tudo o que é preciso para fazer um rock de outro mundo – pelo menos nas mãos dos Wolfmother. De cabeleiras em riste e com uma energia verdadeiramente contagiante e invejável, a banda australiana fez questão de levar uma plateia ao rubro, com guitarradas vertiginosas e solos de perder a cabeça, envoltos numa voz capaz de fazer lembrar os vitoriosos anos 70. “Victorious”, precisamente, não podia ficar para trás, nem tão pouco “Woman” ou “Joker and the Thief”, que permitiu fechar uma actuação com um público completamente envolvido, num concerto verdadeiramente digno de um cabeça de cartaz.

Imediatamente antes de Wolfmother, a surpresa da noite – Rinôcérôse e o seu electro-rock viciante. Numa actuação vertiginosa, a banda francesa saltitava entre uma espécie de british rock – só que vindo da França – e uma electrónica de poucos samples, batida proeminente, de pé definitivamente leve e até de congas ao alto. O resultado só podia ser uma actuação capaz de convencer o mais céptico festivaleiro. Melhor só mesmo com um alinhamento mais favorável, em noite alta, com actuação imediatamente antes de qualquer DJ.

E por falar em Djs, seguimos para SebastiAn, uma das nossas grandes expectativas na última noite de Monte Verde. Talvez por isso, com expectativas coladas ao show inesquecível de Justice no então Optimus Alive, nos pareceu algo pouco impressionante. De facto chegou-se a ouvir “Safe and Sound”, a nova música de Justice no Monte Verde Festival, e as parecenças entre SebastiAn e Justice são evidentes, mas há um abissal gap nas suas actuações. SebastiAn optou por um set sinuoso, com incursões em estilos muito distintos do seu – inevitável, perdemo-nos pelo caminho.

Chega ao fim mais um Monte Verde Festival, os anos passam e algo se mantém – apesar de todas as adversidades, o Monte Verde continua a ser um dos grandes festivais de Verão nos Açores. A edição de 2017 trouxe dificuldades acrescidas, associadas a decisões com o poder de comprometer a credibilidade do festival, mas 2017 também trouxe a certeza de uma organização empenhada na melhoria contínua de um festival que veio para ficar. Para o ano há mais, com a certeza de um cartaz sempre ecléctico, muita boa disposição e de um banho de mar a dois passos do palco.

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Foto: © Monte Verde Festival

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