Zé Pedro: filho do rock português


Se o Rui Veloso é o pai (do rock português) e José Cid, de acordo com as suas próprias palavras, é a mãe, Zé Pedro só pode ser… o filho.

É pesado demais personificar todo o rock português numa só pessoa? É capaz! Mas espero que a minha justificação desvie as interpretações dos leitores para um “simples pesar” pela partida do icónico guitarrista português.

É quase unânime o reconhecimento dos Xutos & Pontapés como o expoente máximo do rock em Portugal. Pela longevidade, pela regularidade, pela grandiosidade! Todos nós crescemos com “Contentores”, “Homem do Leme”, “Chuva Dissolvente”, “À minha maneira”… vou parar por aqui, pois é um daqueles casos em que podia referir o cancioneiro todo. Ora, reconhecer a autoridade dos Xutos & Pontapés nesta matéria é automaticamente reconhecer o papel do “filho”! Foi Zé Pedro que publicou a notícia: “Baterista e baixista precisam-se para grupo punk”.

Engane-se quem julga que ele “apenas” teve a ideia de criar a maior banda de rock nacional. Zé Pedro era o verdadeiro “homem do leme”! Não só foi fundador, como mentor e orador. Eram dele os momentos de comunhão com o público! O homem que pôs o “X” em Xutos!

Numa banda onde todos pautavam pela discrição (dentro do possível), era Zé Pedro o que mais sobressaía, mesmo sendo o mais limitado tecnicamente. Se calhar por essa mesma limitação, não nos chegou muito material escrito por si. Mas um dos temas que chegou, é indubitavelmente um hinos: “Não sou o único”.

Para sempre guardarei a imagem dele num concerto a debitar acordes enquanto Cabeleira mandava ‘mega solaço’. Ao meu lado, um miúdo olha para Zé Pedro e diz: “Ganda guitarrista!”. Pois é. Rock não é técnica, é atitude Zé! E tu tiveste-a sempre.

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Foto: ©  André Luís

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