A não perder na Maré de Agosto 2018: tudo!


A Maré de Agosto está a chegar (23 a 25) e traz um cartaz completo, diversificado, com grande qualidade, fiel à história do festival.

Não sei que horas eram. Penso que passava das sete da manhã. Tenho a certeza que o sol já tornava absolutamente inútil a iluminação do palco. Mas, ao fim de várias horas de atuação, incansáveis, talvez sabendo que aquele concerto ficaria para a história, os Ronda da Madrugada prolongavam a festa até ao limite. Foi assim em 2002, na 18ª edição da Maré de Agosto. Este ano, a banda mariense volta ao festival para uma celebração muito especial: vinte anos de carreira. Vinte anos! Será, certamente, oportunidade para ouvir os grandes êxitos como “Piratas do Parlamento” ou “Sou Serrano” – para cantar em plenos pulmões –, mas também para conhecer os temas do novíssimo EP “Vintena”, cujo primeiro single, “Se Tu Visses o que Eu Vi”, mostra que os Ronda da Madrugada estão em grande forma, e que há por aí “coisas do demónio”. Se estes não fossem motivos suficientes para ter a certeza de que será um momento especial, saber que o concerto será gravado para a edição de um álbum que deverá estar pronto até ao fim do ano, tiraria todas as dúvidas. Os tempos são diferentes, e os horários agora são mais rígidos – naquela manhã de agosto de 2002, a seguir ao concerto de Ronda da Madrugada ainda houve dj no palco principal – mas é impossível não esperar um grande concerto, talvez mais curto – ou não – desta banda que – ainda por cima a tocar em casa – dá tudo o que tem, com humildade, genuinidade, e de coração aberto. Este é o grande destaque da Maré de Agosto.  Quem lá estiver, daqui a dez ou vinte anos vai lembrar-se. A música açoriana ao melhor nível.

Depois de três anos de interregno, os Groundation – mítica banda americana de reggae – voltam aos palcos, agora com novos músicos, mas com a energia de sempre. Curiosamente, estão também a celebrar vinte anos de existência, e Santa Maria terá o prazer de ouvir temas que farão parte do álbum que será editado em setembro. A Maré não é Maré sem um concerto de reggae. E este será um dos melhores dos muitos que já passaram pela praia Formosa. Os músicos que acompanham Harrison Stafford, fundador, vocalista e guitarrista da banda, são fantásticos e vão ter muita liberdade em palco.

Também já com tradição na Maré, a música dos balcãs não vai faltar nesta edição, e chega pela mão dos Dubioza Kolektiv, uma banda da Bósnia e Herzegovina. Ska, hip-hop, reggae e música eletrónica estão incluídos no menu apresentado por esta banda do leste da Europa.

Niguém vai perceber uma palavra do que cantar Djela Moussa Condé, na quinta-feira, nem Orlando Julius, no dia seguinte. O primeiro vem da Guiné, e o segundo vem da Nigéria. E os dois estarão bastante acima da média de idade dos presetes no festival. Mas nada disso importa, porque, quer um, quer o outro, vão dar uma grande festa, com ritmos africanos, muita energia e muita sabedoria.

Com  uma presença muito forte nesta edição da Maré de Agosto, a música portuguesa mostra a sua diversidade: a tradição com o fado de Camané, a universalidade com as influências de outros continentes que caracteriza os Terrakota, e o rock hipnótico e cru dos Linda Martini.

O concerto mais alucinante está guardado para o encerramento do festival. É o regresso dos Olive Tree Dance à Maré de Agosto, dez anos depois. Didgeridoo, bateria e percussão. Só. Parece pouco? Não é. Este trio de portugueses, que têm viajado por todo o mundo, vai partir a loiça toda. Trance orgânico é talvez a melhor forma de resumir o que se vai passar em palco.

 

“After-hours” com sons orgânicos e músicos de “carne e osso”

Não posso deixar de salientar – e saudar – o facto de as últimas atuações de cada noite – já de madrugada, quando a malta já quer mais batida e menos melodia, quer mais dança e menos conversa – serem asseguradas por bandas, em vez de dj. Sem perder o espírito festivo, a música de dança oferecida por bandas como os Olive Tree Dance, têm muito mais a ver com um festival como a Maré. O Palco cheio e os sons orgânicos – mesmo que lado-a-lado com sons eletrónicos – dão outra cor ao espetáculo e entregam uma energia pura ao público, que se sente mais próximo do artista.

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Alterações de última hora trazem Magupi & Peter Shoben e Octa Push à Praia Formosa

Imprevistos de última hora não deixaram Loopido e Oka chegar à ilha do Sol, mas nem por isso a Maré de Agosto ficará a perder. Magupi & Peter Shoben, membros dos Olive Tree Dance, prometem Dub e Downtempo orgânicos, produzidos em palco com muita alma. A grande novidade no novo alinhamento do festival mais festival da região são os Octa Push! Com um espetáculo visual impressionante e uma energia viciante, a banda lisboeta promete transformar a Maré numa autêntica pista de dança. Nós já os vimos no Arco 8 e garantimos – ninguém se vai arrepender de esperar até às 3h15!

MS

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