“Emperor of Sand” assinala regresso dos Mastodon


Os norte-americanos Mastodon lançaram recentemente o novíssimo “Emperor of Sand”. Os primeiros quatro discos da banda foram épicos progressivos que exploraram temas tão díspares como a morte e baleias brancas.

Na última década, poucas bandas conseguiram sair da sua zona de conforto com a mestria e coragem que os Mastodon tiveram ao fazê-lo. Depois de uma manifestação clara das ruas raízes de rock progressivo em “Crack the Skye” de 2009, a banda integrou estas influências tanto nos riffs mais “stone rock” da fase inicial como também nas estruturas musicais mais simples, evidenciadas nos álbuns seguintes, “The Hunter” e “Once More ‘Round the Sun”.

A opção foi a de deixar os conceitos fantasistas em detrimento de uma abordagem mais direta no que à composição musical diz respeito. Embora nenhum destes álbuns tenham sido um fracasso, a nova sonoridade da banda funcionou bem em algumas situações e noutras nem por isso.

Em “Emperor of Sand”, o quarteto de Atlanta deixa cair as pretensões mais comerciais que alienou alguns fãs, retornando à sonoridade mais progressiva característica dos primeiros tempos do coletivo. Os Mastodon são capazes de balancear o poder e a mestria dos seus instrumentos como ninguém, algo que a palavra “progressivo” nem sempre evidencia.

No que às faixas diz respeito temos, por exemplo, “Precious Stones” que contempla um excelente solo sobre o ritmo galopante da bateria de Brann Dailor, enquanto “Scorpion Breath” desfaz-nos com grunhidos cáusticos já há algum tempo afastados do som da banda. O álbum termina com “Jaguar God”, sete minutos de texturas luxuriosas incluindo guitarra acústica, piano, assim como rock puro e duro como se quer.

No seu todo, parecemos estar perante uma amálgama dos seus melhores momentos do que propriamente algo drasticamente diferente. Poucas bandas conseguem moldar o metal em formas tão desconcertantes e sedutoras como os Mastodon e, ao que parece, não há sinais deste poço secar por falta de inspiração. Incorporando elementos do seu passado assim como do presente, os Mastodon provam que não se deixaram acomodar após duas décadas de música. “Emperor of Sand” é ao mesmo tempo poderoso emocionalmente assim como musicalmente aditivo.

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Foto: Jimmy Hubbard / Warner Music Sweden

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